Fiquei a contemplar aquele corpo, perfeito e esculpido como uma estatua em mármore, durante algum tempo. Não me apetecia sair dali, de ao pé dele. Até tinha medo de o olhar nos olhos, medo que tudo isto fosse um grande sonho e que, na realidade, ele não estivesse ali. Talvez estivesse suficientemente louca para imaginar aquele momento tão perfeito que acabara de ter.
Olhei, devagar, para a cara de Emmett. Os seus olhos estavam fechados e para quem não soubesse o que ele era, podia jurar que estava a dormir. Toquei-lhe na ponta do nariz na esperança de o ver sorrir mas, a única reacção que tive foi um leve respirar. Sentei-me na borda da cama tapando-me com o lençol não fosse alguém aparecer. No meu intimo sentia-me preocupada com tudo aquilo. Ás vezes parecia que Emmett mudava de personalidade. E isso, inquietava-me. Ora era o velho Emmett ou era a versão mais "calma" do próprio. E, por mais calma que eu tivesse pedido para ele ter na sua cabeça no passado, no intuito de controlar um pouco mais o seu comportamento, não a queria agora. Queria o Emmett compulsivo que sempre conhecera porque, isso, dava-me a segurança necessária de que nada se tinha alterado no tempo em que estivemos afastados.
Quando dei por mim estava outra vez ao lado de Emmett que me tinha puxado para junto dele. Beijou-me a testa enquanto contornava as minhas costas com os seus dedos frios. Cheguei-me mais para ao pé dele encostando a minha cabeça no seu peito. Fechei os olhos e desejei conseguir dormir. Dormir apenas por uma hora para que, nesse curto espaço de tempo, conseguisse esquecer as minhas inseguranças e preocupações.
- Parabéns – Disse Emmett baixinho.
- Desculpa? – Perguntei continuando com os olhos fechados.
- Parabéns. – Repetiu.
- Mas, como... – Disse incrédula olhando para ele.
- Hoje é dia do teu aniversário. Fazes exactamente...
- Não! Não me lembres da minha idade verdadeira, por favor. Prefiro ficar na ignorância. Cheguei aos oitenta e já não me apeteceu contar mais. – Disse sorrindo – Mas, como é que te lembraste? Nem eu me lembrava! Quanto mais tu, sua cabeça de vento!
Emmett riu-se visivelmente orgulhoso.
- Não sei se associaste mas estes anos todos costumo dar-te uma coisa especial, um presente para comemorar este dia.
- Nunca pensei que tivesse a ver com isso. Já não comemoramos muito essas coisas.
- Eu nunca me esqueci do teu. Frequentemente me esqueço do dos outros mas do teu... Nunca.
Abracei-o com força. Nunca pensara que ele se lembraria de uma coisa destas.
- Então e a minha prenda? – Perguntei na brincadeira.
- Bem... – Começou fazendo um sorriso maroto – Para além desta sessão sexual terapêutica tenho mais uma surpresa para ti.
- Diamantes? São os melhores amigos das mulheres e, que eu me lembre, não me dás nenhum à mais de vinte anos! – Disse fazendo beicinho.
- Ahaha, não. Algo mais valioso e interessante que isso. Mas, mais não digo! Vai vestir a tua melhor roupa porque quero levar-te a um sítio muito especial.
Beijei Emmett com ternura e fui arranjar-me empolgada pela surpresa que ele me iria preparar.
Enquanto Emmett foi caçar com Jasper e Edward, Bella e Alice tentavam ajudar-me a preparar-me.
- Podes dizer-nos para que é tudo isto? – Perguntou Alice com cinco vestidos diferentes nos braços.
- Bem, o Emmett vai levar-me a um sítio surpresa.
- Tens noção que não vais a um restaurante chique não tens?
- Bem, se nesse restaurante puserem na travessa um veado inteiro em vez de um bife grelhado acho que me safo.
Rimo-nos as duas menos a Bella. Aliás a sua cara não mostrava uma ponta de sentido de humor.
- Então Bella? O que se passa? – Perguntei enquanto fazia uma trança no meu cabelo.
- Não aguento mais! – Gritou exasperada.
- Falta de sexo? – Perguntei.
- Oh! Ambas sabemos que o Edward trabalhar regularmente. Eles não disfarçam nada. E, além disso os vampiros não têm disfunção eréctil. – Disse Alice – Ou têm?
- Que tolinhas. Não é nada disso. Charlie vem cá amanhã almoçar.
- Ui. Bella. Porque é que não vais tu a casa dele? Quer dizer, eu adoro o teu pai mas os hábitos alimentares dele são um pouco diferentes dos nossos. – Disse Alice preocupada.
- Eu sei, eu sei. Mas ele precisa de estar com pessoas. Desde que se reformou que só sai de casa para pescar e a Sue e o Billy já me disseram que ele anda a ficar muito rabugento.
- Eu compreendo... mas seremos o tipo de "pessoas" indicadas? – Perguntei.
- Pronto, deixa lá. Ele que venha. O teu pai irá ser sempre bem-vindo. E eu até sei algumas receitas novas! – Disse Alice começando a ficar empolgada com a ideia de cozinhar – Só temos de fazer um esforço e comer um bocadinho.
- Bah – Disse fazendo um esgar – Bella, já pensaste contar-lhe toda a verdade. Quer dizer, ele sabe que não somos normais mas não sabe necessariamente o que nós somos na verdade.
- Ele está velho de mais para conseguir entender uma coisa dessas. Eu não quero que lhe dê um ataque ou uma coisa assim. O que ele sabe chega-lhe bem.
Encolhi os ombros e levantei-me pronta a ouvir sugestões sobre o que vestir.
- Eu estou mais inclinada para o azul. – Disse arrancando o vestido das mãos de Alice.
- Não! O verde! – Ripostou atirando-mo à cara.
- O que achas Bella?
- Pois... Querem a minha opinião? Gosto dos dois apesar de serem um pouco extravagantes.
- Ai Bella! Credo! – Disse Alice – Mas será que nunca vais aprender coisas de moda comigo?
- Hum... Não me parece.