"Brianne"
Capítulo 44 - Acordar Junto A Ti...
Muito provavelmente, eu estava em casa. Devia ser Verão. Aliás, só podia ser Verão. O Verão mais quente de todos os tempos.
Ou talvez, eu fosse astronauta, e estivesse em missão no espaço..., e o sol fosse o destino.
Ou, por outro lado, era possível que estivesse a trabalhar no sol. Literalmente dentro do sol.
O calor estava todo em mim, dentro de mim, na minha pele, no meu interior. Toda eu era calor.
Tentei lembrar-me dos últimos acontecimentos.
O clique do meu cérebro foi tal que me senti extasiada. Eu estava com Seth, e ele era o sol.
Sorri feliz. O dia que tinha começado por ser um dos piores da minha vida, acabara por se tornar um dos mais felizes.
Podia sentir a respiração ritmada de Seth passar suavemente pelos meus cabelos.
Aconcheguei-me mais a ele.
Que horas seriam? O dia já teria amanhecido?
Uma voz, dentro da minha cabeça, sussurrava baixinho que eu deveria voltar para casa, e que provavelmente os Cullen e Ellen, principalmente Ellen, estariam preocupados comigo.
Mas, muito sinceramente, queria prolongar aquele momento de simplicidade e paz, em que tudo parecia fácil e alcançável, tanto quanto fosse possível.
Fechei os olhos e inspirei o odor florestal, fresco e maravilhoso de Seth. Era em tudo diferente do cheiro floral de mel, lilás e sol de Ellen, mas era igualmente inebriante e deslumbrante.
Suspirei. E permaneci enroscadinha, na tentativa de fazer o tempo parar.
No meio daquele silêncio, sobressaltei-me com os gritos de alguém. Demorei dois segundos para reconhecer voz de Ellen vinda de algures no exterior da gruta.
- Brianne??! – chamava em plenos pulmões.
Bem, parecia que o feitiço se tinha quebrado, e era hora de a Cinderela voltar para a vida real. Ri-me do meu próprio dramatismo.
Remexi-me nos braços de Seth tentando levantar-me.
- Ei – soprou Seth ao meu ouvido com voz ensonada.
- Oh! Acordei-te? – lamentei. – Desculpa!
- Onde vais? – perguntou olhando-me nos olhos, erguendo-se um pouco mais.
- Tenho de ir para casa – comuniquei-lhe sorrindo perante o seu acesso de medo infundado. – A Ellen está na praia.
Esta minha última afirmação fora reforçada por mais um chamamento de Ellen.
- Não quero que vás – admitiu abanando a cabeça.
- Tenho de ir – lamentei, abrindo mais o sorriso.
- Já mudaste de ideias? – provocou-me aplicando substancialmente mais força ao seu abraço.
- Ainda não me decidi bem... - respondi em tom de desafio, revirando os olhos.
Seth aplicava, agora, uma força bastante considerável na minha cintura. Agora era-me impossível levantar.
- Pronto! OK, rendo-me! – disse, já quase sem ar. – Não, não mudei de ideias!
Seth riu, com um ar convencido, soltando-me.
- Ei! Tira essa expressão da cara! – repreendi-o enquanto me levantava.
Seth insuflou as bochechas, e soltou o ar de forma barulhenta e moldou a sua feição para uma mais brincalhona.
- Pronto vai lá! – incentivou-me contrariado.
Dirigi-me à entrada da gruta.
- Brianne? – chamou.
Voltei-me.
- Quando te volto a ver?
- Não sei – encolhi os ombros – Em breve. Quando a impressão assim o decidir.
Pisquei-lhe o olho, e saí da gruta.
A visão era abismal.
A tempestade que havia castigado a praia durante a noite tinha-se finalmente dissipado, mas ainda haviam sinais da punição. Os troncos haviam-se multiplicado, e haviam raízes espalhadas por toda a sua extensão.
- Brianne!! Onde te meteste??!! – Ellen chegara vinda de um dos lados da praia e abraçara-me com uma força férrea.
Parecia que naquela manha eu estava destinada a abraços apertados e calorosos...
- Ellen... Au... Estás...ahh... não consigo respirar..!! – disse a custo, enquanto Ellen me levantava do chão.
- Ups... - lamentou, pousando-me novamente no solo.
Sorri-lhe aceitando as suas desculpas.
- Nunca, nunca mais voltes a fazer isso – disse-me com um dedo espetado na minha direcção.
A pose severa e maternal de Ellen, teve em mim o efeito contrário ao que supostamente deveria ter. Por isso, em vez de me sentir ameaçada, ri-me.
- Brianne! Não tem piada nenhuma! – ralhou-me.
Abracei-a.
- Oh... eu sei... desculpa.
Ellen retribui-me o abraço.
- Eu bem te disse que eras uma arrasa corações.
Afastei-me e mostrei-lhe a língua. Como de costume Ellen retribui-me o gesto.
Sorri mais uma vez perante a familiaridade do gesto.
O sorriso foi-se de desvanecendo à medida que reparei nas roupas de Ellen. Os habituais vestidos, ou jeans casuais haviam sido substituídos por um sexy e assombroso macacão de couro.
Arregalei os olhos perante tal visão.
- Hum... Ellen?.., queres falar sobre isso? – interroguei fazendo um gesto para a sua indumentária.
Ellen semicerrou os olhos e deu uma voltinha.
- Desportivo, e apropriado – referiu.
- Apropriado? Apropriado para quê? - perguntei desconfiada.
- Já vês! – disse-me ao mesmo tempo em que alcançava a minha mão, e me arrastava areal fora.
Estou a deixar-me arrastar demasiadas vezes!, pensei.
O que estará a Ellen a tramar?