"Brianne"
Capítulo 45 - Porsche
É facto sabido que o leque de coisas que se pode fazer e ver com um vampiro é bastante vasto.
E Ellen já me tinha demonstrado que Surpresa e Surpreendente são os seus nomes do meio.
Mas, estar sentada no lugar do pendera de um Porsche era sem dúvida muito mais do que uma surpresa surpreendente. Fosse lá isso o que fosse...
Ellen conduzia de uma maneira alarmante. Acima do limite de velocidade que algum código da estrada sequer previa ser possível, sem olhar uma única vez para o caminho à nossa frente.
A estrada era sinuosa, e rodeada por floresta cerrada. Era impossível para mim, não imaginar um emaranhado de metal amarelo, esmagado contra uma das árvores, e eu, ensanguentada algures lá no meio.
Tentei descontrair, afundar-me no banco de couro caríssimo, e rezar. Mas nem isto eu era capaz de fazer.
Comecei a tentar tirar as manchas de terra e lama que preenchiam as minhas calças.
-Ui! Já viste bem em que estado está a tua roupa? - perguntou lançando um olhar depreciativo na minha direcção.
Tentei, mais uma vez, não pensar no facto de Ellen não estar a olhar para a estrada à já mais de 5 minutos.
- Não estive propriamente num hotel, pois não? E o couro não combina com todos...
Ellen bufou e abanou a cabeça. Continuava sem fitar a estrada.
Perguntei-me se ainda faltaria muito tempo para chegarmos a casa... não me lembrava de quanto tempo Jacob levara a chegar a La Push... mas, de qualquer modo, Jacob conhecia o caminho. O que não era de todo o caso de Ellen.
Eu estava cada vez mais nervosa. As minhas mãos, outrora quentes, estavam geladas, suadas e ligeiramente roxas. Provavelmente a minha face estaria verde.
- Tchhhhh..... – Ellen deu um estalido com a língua. – Vou ter de limpar o carro todo... aspira-lo no mínimo.
Ignorei o comentário – estava demasiado preocupada com o facto de me vir a tornar parte a parte morta de um acidente mortal.
Ellen concentrara-se agora no auto-rádio, procurando a música ideal.
Parou quando ouviu uma sonoridade barulhenta e desconhecida.
Começou a assobiar, e mais uma vez a contemplar a floresta através do vidro do lado do condutor.
- Ellen! – quase gritei quando vi uma grande e velha árvore a aparecer demasiado perto da frente do carro.
-Schh... - tentou acalmar-me – Não achas-te mesmo que eu ia bater na árvore, pois não?
- Onde raio tiraste tu a carta de condução? – atirei-lhe.
- Oh... por aí... – respondeu com um sorriso cúmplice.
Abanei violentamente a cabeça. Apostava que Ellen nem sequer tinha a carta de condução...
Afundei-me mais no banco, e agarrei-me o mais que pude ao couro.
Chegamos a casa no que apostava ser um tempo record - Ellen era bastante hábil ao volante de um Porsche.
Apenas quando paramos na garagem, e relaxei um pouco, senti que as minhas mãos bastante doridas.
- Pareces parva! – acusou Ellen em tom de brincadeira. – Acreditavas mesmo que eu ia embater contra uma árvore?
Sorri nervosamente – era o máximo que eu conseguia fazer, enquanto tremia daquela maneira.
- Além do mais, achas que não tenho amor à pele? – continuou – A Alice matava-se se o carro tivesse um micro arranhão!
- Pois...- consegui a custo concordar
Ellen pulou alegremente pelas escadas de acesso à casa. Decerto iria descrever à sua cúmplice Alice, a forma "parva" como eu tremera durante toda a viagem.
Seguia atrás dela, trémula e descoordenada.
A sala parecia vazia. Provavelmente seria cedo até para um vampiro.
- Voltas-te! – gritou Reneeme com entusiasmo, vinda da cozinha.
- Sim voltei! – respondi-lhe sentindo os meus músculos relaxarem.
Estar em "casa" faziam-me sentir muito mais segura.
Abraçou-me pala cintura.
- Ainda bem... - disse-me com voz angelical, e senti-me derreter.
- Então, e esse trabalho? Como vai?
- OH!! Precisava que o corrigisses!! – pediu, olhando-me com uns olhos muito abertos e doces.
Levou-me pala mão, até ao quarto de Edward, onde as minhas coisas estavam espalhadas, e mostrou-me o seu prefeito trabalho sobre o meu país.
- Fantástico!! – disse depois de ter feito uma leitura integral.
-Achas mesmo? – perguntou insegura, enquanto piscava de modo encantador os olhos cor de chocolate.
- SIM!! Até aposto que és melhor a português do que eu!
Remeeme deu-me mais um abraço, e desceu, alegre.
Decidi que estava na altura de despir aquela roupa de guerra, e troca-la por algo mais limpo e asseado.
Tomei um banho quente e rápido, e vesti um par das minhas jeans gastas e uma das minhas velhas t-shirts.
Desci, a tempo de ouvir Alice comentar, demasiado alto, que naquela tarde e noite, os lobos estariam ocupados com umas "reuniões de alcateia".
Ao que parecia, a impressão e eu teríamos de esperar, pelo menos, até a próxima manhã...