O dia começava como todos os dias, cinzento. O sol quase que não brilhava naquela zona e fazia qualquer pessoa deprimente. E eu, que desejava estar noutro lado e não ali, estava a adorar começar um novo dia. E que bem que sabia ver Kyle a abrir os olhos logo pela manhã. Qualquer mãe desejaria um filho como aquele. Dormiu a noite toda sem resmungar e eu, que podia aguentar com os choros por não ter necessidade de descansar, tive uma noite sossegada e tranquila com as mulheres da família.
Emmett ainda não tinha chegado da caçada. Provavelmente estaria a exagerar para não ter que sair tão cedo. Entendia-o claro mas ele ainda estava mais obcecado com o bebe do que eu. Era maravilhoso ver este novo Emmett, mais calmo e carinhoso. Peguei em Kyle que olhava para mim com os olhos muito abertos. Beijei-lhe a testa e embalei-o nos meus braços.
- És tão lindo meu bebé. O bebé mais lindo que eu já vi. – Disse brincando com o seu nariz pequenino.
- Pensei que fosse a Renesmee.
Edward sorria encostado à ombreira da porta.
- E era. Era a bebé mais linda do mundo. E ele, é o bebé.
Edward sentou-se ao meu lado contemplando Kyle.
- É lindo. – Admitiu – Nunca pensei chegarmos a isto.
Olhei para ele confusa.
- Eu ser pai. Ser casado com uma humana e transformá-la numa vampira para sempre. Ter de lidar com lobisomem que por acaso é pai da minha neta. Neta? Onde é que eu já cheguei! E tu, teres o filho que sempre quiseste. Nunca pensei que nada disto pudesse acontecer, Rosalie.
- Mas aconteceu – Disse-lhe pegando-lhe na mão – e não nos devemos arrepender. Estamos todos felizes e o mais importante, continuamos juntos. A nossa família nunca irá mudar. Iremos estar juntos até ao fim. É isso que faz com que os Cullen sejam uma família poderosa. Não são os dons, ou o facto de sermos vampiros. É o amor. É o amor que nos faz ficar assim.
- Rosalie Cullen, nunca pensei ver-te tão doce como estás agora. – Disse rindo.
- Não me provoques. Ainda sou capaz de dar uns bons socos.
- Bem, vou ver a minha filha grávida de um lobisomem.
- Dito assim até parece uma coisa anormal.
- E não é? – Disse piscando o olho. – Ah, faz-me um favor. Controla o Emmett.
- Então? Onde está ele?
- Foi ao supermercado.
Olhei para ele com os olhos esbugalhados. Era a coisa mais absurda que já tinha ouvido.
- Sim. Comprar coisas para o Kyle. Se não o controlares ele vai-se tornar no primeiro vampiro doméstico de sempre.
Edward saiu do quarto ainda a rir. Olhei para Kyle e sorri.
- Se me acontecer alguma coisa tens aqui muita gente para te amparar. – Disse baixinho tentando tirar do pensamento a batalha que se avizinhava.

Resolvi visitar Renesmee para ver como ela estava. Não iria tardar até que o bebé nascesse. A sua barriga parecia prestes a rebentar.
- Posso entrar? – Disse espreitando pela porta do quarto de Renesmee.
Renesmee acenou com a cabeça, talvez demasiado cansada para falar. Jacob estava deitado a seu lado a dormir. Passava todo o tempo com ela, nunca a deixando sozinha para o caso de ela precisar de alguma coisa.
- Estás bem? – Perguntei-lhe.
- Sim. – Disse tremulamente.
Não acreditei muito na resposta. Renesmee tinha pingas de suor a escorrer-lhe pelo pescoço e tinha ligeiros tremores nas pernas e nos braços. Jacob acabou por acordar do seu sono de princesa, franzindo o nariz.
- Pois, claro – Disse ainda ensonado – cheirava-me a algo.
Ainda tínhamos um ligeiro problema de cheiros. Eu não suportava aquele cheiro a cão molhado e ele o meu que, por sinal, era extremamente agradável.
Jacob beijou Renesmee na bochecha e olhou para mim com um ar preocupado. Ela não estava bem. Conseguíamos ver isso com clareza. Ficámos a olhar um para o outro tentando pensar em algo que a ajudasse. De repente Renesmee solta um silvo de dor e uma mancha de sangue vivo foi aparecendo nos lençóis. Olhei para Jacob. Estava tão aterrorizado quanto eu. Sentimos uma espécie de dejá vu relembrando a noite em que Bella quase morreu.