"The Sweetest Kiss"
Capítulo 31
Na vida há sempre aqueles pequenos momentos que ninguém quer esquecer. Ou que são simplesmente inesquecíveis. Que nos fazem tremer de emoção e que nos fazem querer permanecer assim para sempre. Há aqueles instantes que são demasiado pequenos para os aproveitarmos. Na realidade somos apenas nós que os vemos assim, pequenos. Parece que não temos tempo para os aproveitar na sua plenitude. Parece que o tempo está contra nós, que anda demasiado depressa numas ocasiões e noutras, muito devagar. Talvez seja esse o meu maior medo. Não conseguir ultrapassar as coisas más que ficam, que prevalecem. Porque, as boas, com essas consigo eu lidar. Tenho todo o tempo do mundo para isso. Não tenho pressa. Não vou a lado nenhum. Tenho todo o tempo do mundo para mudar aquilo que devia ter sido a minha primeira opção. E agradeço por isso. Talvez esteja a sentir-me mais confortável com tudo o que se relaciona com a imortalidade. Se perguntasse a um mero mortal se gostaria de ser imortal provavelmente a sua resposta iria ser não. Para quê ficar neste mundo se não temos ninguém com quem o partilhar? Para quê viver para sempre se as pessoas que mais amamos se vão embora? É a lei da vida, dizem. Nada o pode mudar. Bem, tenho de discordar. Eu contrario a lei da vida. E talvez agora já não queira saber se isso é errado ou correcto. Não me importo de viver para sempre se estiver com quem amo para sempre. Com as pessoas que estão à minha volta. Tenho pena de quem não o consegue fazer. "We all die. The goal isn't to live forever. The goal is create something that will". (Todos morremos. O objectivo não é viver para sempre. O objectivo é criar algo que irá) Li uma vez esta frase num dos livros de Carlisle. E talvez seria este o "lema" que iria utilizar na minha vida como humana. Agora? Agora tenho a capacidade de viver para sempre e de criar algo que me irá acompanhar nesse caminho eterno. Talvez hoje me sinta mais abençoada pelo que sou, do que ontem.
Abri os olhos. E sorri. Tudo parecia em perfeito equilíbrio. Estávamos todos bem e conseguia notar um sorriso na cara de cada um. Renesmee ainda dormia com o efeito dos medicamentos que Carlisle lhe dera. Ainda não tinha conseguido vislumbrar Sarah. Era uma menina perfeitinha com uns olhos cor de chocolate que faziam lembrar os de Jacob. Era tão frágil e pequenina que Jacob até tinha dificuldade em lhe pegar.
- Eu não sei como a hei-de pôr! – Resmungava para si próprio.
- Que jeitinho... – Disse revirando os olhos.
- Rosalie não faças isso. – Disse com uma cara de sofrimento.
- O quê? – Perguntei admirada.
- Não me provoques hoje. Salvas-te a minha filha. Devo-te o mundo e, por isso mesmo, não posso implicar contigo como fazia. E isso está a fazer-me sofrer por dentro. – Disse esboçando um sorriso.
- Não te preocupes com isso – Afirmei – Eu prefiro ouvir as tuas bocas. Tornas o meu dia tão interessante.
Rimo-nos. O bom humor pairava no ar. Emmett abraçou-me com Kyle nos braços. Beijei o seu narizinho e este esboçou um sorriso. Sorri para Emmett deliciada.
- A minha bebé é mais linda... – Murmurou Jacob contendo um sorriso.
Olhei para ele com uma falsa fúria no olhar.
- Talvez os possam juntar quando crescerem! – Propôs Alice alegremente.
Olhámos os dois, de imediato, para Alice.
- O que foi? – E encolheu os ombros.
Já era bem tarde. Quer dizer, não é que o tempo nos importasse muito mas, estava na altura de os bebés da casa descansarem. Emmett e Jasper foram buscar o berço de Sarah que estava na garagem no caso de ser preciso. Como era este o caso. Jacob decidiu ficar esta noite cá em casa com Renesmee e Sarah. Iriam ficar no quarto de Edward e Bella. Levei a pequena Sarah para o seu berço e tapei-a dando-lhe um beijo na testa. Jacob carregou Renesmee e, com cuidado, deitou-a na cama tapando-a também. Deitou-se ao pé dela e segredou-lhe ao ouvido: Amo-te.
Sorri. Por vezes até conseguia esquecer que Jacob era um rafeiro.
Kyle estava no berço e eu nos braços fortes de Emmett.
- Está tudo como devia estar não está? – Perguntei-lhe.
- Sim, meu amor. E o que importa é que estás feliz.
- Eu sempre o fui. Desde que estivesse contigo. Quando te ausentaste senti uma solidão tão grande que era capaz de me afundar nela. E isso fez-me perceber que te amo mais do que a qualquer pessoa. Quer dizer – Disse rindo – agora tens de disputar o meu amor com Kyle.
Emmett riu-se. Aproximou-se mais para me beijar. Um beijo longo e que parecia infinito. Sorri para dentro. Como se sentisse um calor que me fizesse estremecer. Fechei os olhos mais uma vez, sentindo o silêncio e o amor que me rodeava.
- Rose!
Alice entrou no quarto com os olhos muito negros. Parecia assustada. Olhei para ela e percebi. A coisa que tentei afastar do meu pensamento estava mais perto do que eu imaginara ou que queria imaginar.