Jacob ainda não tinha voltado e Renesmee andava às voltas pela casa pensando se ele o iria fazer.
- Querida – Disse-lhe sossegando-a – ele volta.
O ambiente estava pesado e todos nós tínhamos algo em que pensar. A batalha estava mais perto do que alguns nós conseguiam imaginar. Sempre pensara no momento em que viria Richard outra vez. Apesar de sentir apenas ódio por aquela criatura desprezível era impossível ficar indiferente à sua presença. Não sei se era pela sua beleza ou até pela maneira doce como ele cativa as pessoas e depois lhes dá uma facada nas costas. Senti isso da pior maneira. Pensava que tinha arranjado alguém que me compreendia e com alguma decência, mas não, era apenas mais uma marioneta dos Volturi que ainda não desistiram de arruinar a minha vida e a da minha família. Tinha de fazer algo quanto a Kyle. Não o poderia deixar exposto, nem a ele nem a Sarah. Tínhamos de os deixar num local seguro, longe de quaisquer confusões.
- Podemos sempre deixá-los com Billy – Propôs Carlisle – Ou com a Sue.
- Se os deixarmos com a Sue, Charlie vai lá estar. – Disse Bella preocupada.
- Bella acho que chegou a altura. – Disse Edward.
Bella franziu o sobrolho olhando para Edward desconfiada.
- Altura para...
- Contares a verdade a Charlie! – Disse elevando a voz – Bella, ele vai compreender.
Bella começou a rir-se sarcasticamente.
- Como é que queres que alguém aceite que a filha é vampira? Aliás, como é que queres que ele acredite nisso? É simplesmente ridículo.
- Tu não acreditaste? – Disse olhando-a intensamente.
- Acabou – Interveio Carlisle – Bella, se achas que deves contar, estamos aqui todos para te apoiar.
Bella mordeu o lábio e subiu as escadas rapidamente fechando a porta do quarto com um estrondo. Edward seguiu-a.
- O que vamos fazer? – Perguntei.
- A escolha é da Bella – Terminou Jasper.

- Isto não é uma boa ideia.
Bella não parava quieta um segundo e ia roendo as unhas como fazia quando era humana. Edward tentava acalmá-la mas a situação, era de facto, bastante inquietante. Charlie estava quase a chegar e iria, finalmente, saber toda a verdade. Não saberíamos como iria reagir. Alice estava a caçar com Jasper e por isso mesmo, não tínhamos nenhum adiantamento sobre o futuro. Conseguimos ouvir as rodas do carro patrulha de Charlie a chiarem à entrada. Bella respirou fundo e no segundo a seguir já estava com a porta aberta.
- Olá pai. – Disse sorrindo.
Charlie entrou com passos largos e desconfiados.
- Devo dizer que fiquei um pouco surpreendido por me teres convidado para vir jantar. A maioria das vezes nunca nos sentamos à mesa, apareces sempre entre as refeições.
- Bem, é uma maneira de compensarmos.
Cumprimentámos Charlie que continuava de sobrolho franzido. Sentámo-nos à mesa à frente de um frango assado que Esme tinha comprado para a ocasião. Nem sabia muito bem por onde começar e o que comer daquele animal cozinhado.
- Vejo que falta a Alice e o marido. Ah e o Jacob!
- A Alice e o Jasper foram... foram...
- Pescar! – Disse Emmett – Eles adoram pescar.
Todos fingimos um sorriso. E, por baixo da mesa, dei um pontapé a Emmett.
- Pescar? Não sabia que eles pescavam. Para a próxima já tenho companhia.
Comi um pedaço de frango que me soube a terra. Todos nós tínhamos a mesma cara de enjoados a tentar comer e a parecer o mais normal possível. Bella parecia que ia vomitar se pusesse mais algum pedaço de carne na boca.
- Ok, isto não está a resultar. – Acabou por dizer tirando o pouco frango que tinha na boca.
Charlie ficou a olhar para Bella enquanto mordiscava mais um pouco de frango.
- Pai tenho de te confessar uma coisa.
- Oh não. – Murmurou Charlie.
- Pai, eu não sou eu.
- Infeliz escolha de palavras Bella – Disse.
- Charlie – Carlisle decidiu intervir – o que a Bella está a querer dizer é que nós temos algo para lhe contar. Algo que temos guardado durante bastante tempo e que chegou a altura de contar. Mas por favor, ninguém poderá saber disto.
Charlie estava com um olhar frio como se estivesse preparado para o choque que viria.
- Pai, nós somos vampiros. Bebemos sangue. Não podemos estar ao sol porque brilhamos como pequenos diamantes. Não envelhecemos e todos os nossos defeitos físicos desaparecem como magia. Ficamos pálidos como a neve e os nossos olhos são cor de caramelo quando não temos fome. Sou assim, pouco depois, da lua-de-mel, desde a primeira vez que me viste depois de ficar doente. E não estava doente, pai. Estava grávida. A Renesmee é minha filha. Minha e do Edward. E nós, somos todos vampiros.
Não consegui impedir a minha boca de se abrir com o espanto. Edward engoliu em seco um pouco apavorado. Emmett brincava com o garfo de modo a não encarar a realidade. Esme olhava para Carlisle e Carlisle para Charlie. Bella ficara petrificada porque nem ela tinha consciência daquilo que tinha acabado de dizer. Estava tudo em silêncio quando Charlie deu uma forte gargalhada. E riu, riu, riu, até ficar com lágrimas nos olhos. Mas depois deste choque inicial, Charlie percebeu que não era uma brincadeira. Que olhava para nós e tudo correspondia ao que Bella dissera. A sua respiração ficou ofegante e agarrou-se ao peito.
- Pai!
Charlie caiu da cadeira com espasmos.
- Temos de o levar para o hospital, já!