-Até tenho medo... -Sussurrei.
Carlisle desceu as escadas, e veio até ao nosso encontro. O meu pai olháva-o cautelosamente, tentando provavelmente penetrar na sua mente.
-Renesmee, onde está o Jacob? Tenho novidades para vocês! - Disse alegre.
-Ham... por acaso não sei... sabes dele, Rosalie? - Perguntei, mal vi esta a entrar na sala.
-Convenci-o a ir para casa dele descansar. E tu, dormiste aí no sofá?! Eu deixei-te na minha cama!
-Eu dormi lá em cima, acabei de descer. - Informei. - Então Carlisle, diz lá essa notícia! - Insisti animada.
-Tens novidades sobre os bebés? - Perguntou Rosalie, também ela entusiasmada.
Olhei os meus pais, a minha mãe também tinha um sorriso, apesar de ténue. O meu pai...esse, continuava na mesma. Se é para ficar ali trombudo, ou chateado, mais vale ir compor músicas, a ver se anima o espírito... Deixa-me tão mal, e nervosa vê-lo assim... a cima de tudo, também o amo a ele... desiludi-o.
-Muito bem, então é assim, já sei o sexo dos bebés!
-A sério?! - Inquiri-mos eu e Rosalie em unissono, o que nos fez laçar uma leve risada.
-Sim! - Disse ele também animado.
-São o quê?- Perguntou a minha mãe.
-São... - Começou Carlisle, mas sendo interrompido.
-Duas raparigas. - Rematou o meu pai.
-Uau... - Fiquei de boca aberta. Rosalie deu logo dois grandes passos e abraçou-me fortemente. - Oh querida, parabéns, parabéns! - Era o que dizia.
-Parabéns - felicitou também Carlisle.
Rosalie largou-me, dando-me um beijo na testa. Colocou-se a meu lado, agarrando o meu ombro. Começou a olhar para a minha barriga, e também eu o fiz.
-Olha... já tens um pequeno vulto... - Disse. Se esta não fosse humana, juraria que estava com os olhos vidrados, prestes a quebrarem, brotando lágrimas.
-Pois é... - Disse eu. A minha mão desceu, e fiz festinhas na minha barriga. - Aqui estão elas... - Disse eu lentamente... lágrimas brotaram dos meus olhos.
-Oh querida – Começou a minha mãe, largou a mão do meu pai, e abraçou-me. - Parabéns!
-Bella, deixa-me só dizer-te uma coisa... - Disse Rosalie. -Eu apoiei-te, sabes bem disso. Tu sabes o quanto amávas a tua filha, e o quanto a querias. Por isso, acho injusto não estares do lado da Renesmee, porque já tu estiveste onde ela está. E se não a queres apoiar, então olha, não quero saber a vossa opinião, porque eu, a vou apoiar.
-Sim... - Disse ela. - Edward, vou apoiar a nossa filha... - Disse baixinho, olhando para este.
-Eu não. Se tu queres apoiar esta loucura, então fá-lo. - Disse friamente.
Fiquei boqueaberta.
Este saíu da casa, com passos longos e duros, sem olhar ninguém.
-A culpa não é tua...
-Parem. - Interrompi. - Vou a La Push, vou contar ao Jacob... - E lentamente saí de casa.
-Tem cuidado – Ouvi ainda.
…
Lentamente ia caminhando pela floresta de Forks, já tinha ultrapassado a fronteira.
Pensava no passado... em tudo o que aconteceu, desde que comecei a namorar com Jacob, os momentos que passámos, a separação, e o baile... O presente, era algo em qual não conseguia simplesmente acreditar, era demasiado... estranho, diferente, algo com o qual nunca contei, ou pura e simplesmente algo com que nunca contaria acontecer... Mas é bom. É uma sensação estranha, nova, diferente. É um amor novo e inesplicável que agora sinto. Não é como amar um membro da tua familia, ou até mesmo como amar o Jacob. É simplesmente diferente, já as amo. “As”... vou ter duas filhas! É um amor e ansiedade inesplicáveis, amo-as tanto... é um amor diferente, já as sinto dentro de mim... pensar que estes dois pequenos seres vão crescer dentro de mim... e depois? Quando saírem? Só as quero conhecer, ter nos meus braços, protege-las a cima de tudo... só penso no nosso futuro! Eu, elas e o Jacob...
Futuro. O que me reserva este, que parece estar amaldiçoado? Como será o decorrer da gravidez? E o após? Os perigos, os Volturi, o meu pai... E o que é que elas serão?
Os meus pensamentos foram interrompido quando senti um corrente de ar super forte, que trazia com ela montes de terra. Institivamente segurei a minha barriga com ambas as mãos.
Sentia-as. Estão aqui, as minhas filhas, a crescerem dentro de mim...
A brisa parou, olhei em frente... no meio da vegetação selvagem escondia-se um lobo.
Reconheci-o de imediato. Era o lobo que ansiava ver à meses...
-SETH! - Gritei ofegante. Este mal comecei a dirigir-me na sua direcção fugiu. -Não... -
Balbuciei nervosa, e lágrimas brotaram dos meus olhos.
Continuei a andar em frente, na direcção que este partira. Nada. Nem sinais de Seth. Prossegui a caminhada, como uma marcha fúnebre, a pensar em tudo o que tinha acontecido.
Não queria perder Seth, era a última coisa que queria. Amava-lo como um irmão, o meu melhor amigo. Adoro-o tanto... é simplesmente especial para mim, simplesmente quero estar com ele, simplesmente quero voltar para ele. Quero falar com ele, estar com ele, passar bons momentos com ele, senti-lo, rir-me com ele... Esquecer o incidente do baile, ultrapassar essas barreiras, porque também preciso dele, faz-me falta, tornou-se parte de mim naquele... momento da minha vida. Ajudou-me, apoiou-me, aturou-me, e nunca me deixou mal.
Ao fim de longos minutos, a casa dos Black já se deixava avistar. Inspirei profundamente, e senti que apenas Billy se encontrava lá dentro.
Ouvi barulhos de patas provindos do interior da floresta. “Seth?” pensei.
Os barulhos pararam, e dois minutos depois veio uma figura humana.
-Nessie! - Exclamou. - Que fazes aqui? Não te quero por aí a andar sózinha!
-Jake, a barriga nota-se, mas não tanto... Além disso sou meio-vampira, sou forte, hein!
-Tens razão, olha só como já se nota! - E agachou-se, ficando de frente para a minha barriga, segurando-a com ambas as mãos. - Os meus rapazes estão a crescer! Vão-se tornar grandes e fortes como o papá!
-Jake, temos de falar sobre isso.
-O quê?! Passa-se algo de mal? Tem a ver com o Edward “mr.rules”?
-Em parte... e pará de inventar esses nomes! - Disse a rir.
-Sanguessuga compositora mal-humorada também é bom. - Disse no gozo. - E novo, ocorreu-me agora.
-Não sejas tonto! - E dei-lhe um beijo na testa. - Vai deixar a sua amada grávida cá fora com este frio?
-Claro que não! -Disse de imediato, levantando-se num ápice. - Venha para dentro dos meus humildes aposentos. - Comecei a andar. - Mas hey, onde vai assim? Não se pode cansar! - E dito isto pegou-me ao colo, correndo para dentro de casa, encontrava-se agora a chover.
-Jake, estou completamente capaz de andar e correr!
-A mãe dos meus filhos não!
-Olá filhos. - Disse Billy, todo agitado e desvairado na cadeira de rodas. - Vá lá, deixem-me ver essa barriguinha!!
-Pai, controla-te.
-Mas eu vou ser avô!!! Parabéns Nessie! Estou tão contente! - Disse radiante. - E já sabes o sexo?
-Sim, foi uma das coisas que me trouxe até aqui.
-Desembucha!
-Oh Jacob, traz qualquer coisa para a moça comer! Tens desejos?! A minha mulher tinha montes deles, talvez por isso é que o Jacob deve ter nascido tão gordo e guloso. Aliás, ainda o é, como se nota! Só sabe enfardar. Então, ficar esparrapachado no sofá a enfardar bolachas de chocolate ou batatas fritas...
-Pai! Cala-te!
-Oh, desculpem.
-Tens bolo de morango? - Perguntei.
-Não... - Lamentou-se. - Mas, se tens desejos, eu vou buscar! - E com uma velocidade incivél, que nem me deixou protestar e impedir, Jacob correu para fora de casa.
-Este rapaz... - Balbuciou Billy.
...
-Estou de volta! - Exclamou contente Jacob, mal ultrapassou a porta, trazendo consigo dois sacos.
-Para quê tantas coisas? - Inquiri.
-Então... trouxe o teu bolinho, e mais umas quantas coisas boas! Quero os meus rapazes fortes e bem alimentados!
-Ah... - Disse baixinho. Mas como é que eu lhe vou dizer que não são rapazes?!
-Então, e de que estiveram a falar na minha ausência?
-Ah, tanta coisa.
-Pois é, contei à Nessie tudo sobre ti, quando eras bebé!
-Pois... - Disse tentando esboçar um sorriso forçado.
Na ausência de Jacob, apanhei uma das maiores secas da minha vida... Oh meu Deus, o Billy não se calava... contou praticamente tudo sobre as vidas deles! Coisas que talvez Jacob nunca lhe perdoaria ter contado. Mas quer dizer, até é compriensivel, o Billy está tão entusiasmado, primeiro neto. Mas pronto... estava a ver que o Jacob nunca mais chegava.
-Pai, se eu sei que contaste alguma coisa... bem... Nessie, que queres comer?!
-O bolo... - Pedi. Na verdade já não me apetecia tanto... chocolate é que calhava bem!
-Então, é para já! - Informou, retirando de um dos sacos, um enorme bolo de morango, que por cima continha chantilly, e uma flor ao centro, feita com morangos divididos em quatro. - Toma – Disse, servindo-me num prato uma enorme fatia daquele bonito bolo.
Provei-o, era delicioso, e devorei-o em instantes.
-Sabes Nessie, - Começou Jacob, sentando-se a meu lado no sofá. - era tão bom que fossem dois rapazes. Já imaginaste? Iamos passear, jogar à bola, ter conversas de homem! Ensinava-lhes tudo! E depois quando fossem para a escola... ah, e podiamos ir ver
os jogos ao estádio! E depois...
-Já percebi... - Balbucei desanimada.
-Que se passa?
-Já sei o sexo dos bebés. - Disse, olhando o prato fazio.
-São putos não são? Diz-me que sim! É claro que sim! Ai, já me estou aí a imaginar na reserva, a vangloriar e exibir os meus netinhos! E vou levá-los à pesca!
-São duas raparigas! - Disse eu, olhando-os, sem mais surpresas.
-Epá... as raparigas não sabem pescar! - Disse Billy de repente, segurando-se firmemente na sua cadeira.
-Nem jogar à bola! Diz-me que estás a brincar. Estás, certo?
-Não.
-Opá... já tinha tantos planos.
-Desculpa desiludir-te.
-Oh... ensino-as a jogar! Não tem problema!
-Ufa... - Desabafei baixinho.
-Então filho, queres Vitamina R para celebrar?!
-Não pai. Vamos Nessie.
-Sim... Obrigado Billy! - Disse, saindo juntamente com Jacob.
-Temos de falar – Informei-o, quando já tinhamos penetrado na floresta.
-É grave?
-Não... - Parei para reflectir. - Sim... depende do ponto de vista!
-Ai... diz lá.
-O Seth... vi-o hoje.
-Ah.
-Já falaste com ele? Tem-lo visto? Como é que ele está?
-Ele recusa-se a falar comigo... é claro que já tentei. Tem os pensamentos mais
deprimentes de sempre... sinto-me mal, o puto está a sofrer a sério. - Gelei com esta
afirmação. Agora a frase teimava em permanecer na minha mente.
“Tem os pensamentos mais deprimentes de sempre... o puto está a sofrer... ele recusa-se a falar comigo...” E a sua imagem descuidada e triste na floresta hoje de manhã acompanhava estes pensamentos, bem como a sua imagem no baile, quando acabára de ser esmurrado por Jacob.
Sentia-me agora fraca, parva, egoísta, impotente...
-Hey, desculpa! - Disse também ele aflito, abraçando-me.
-Tenho de falar com ele! Ajuda-me, por favor!
-Sim... - Disse baixinho, beijando-me suavemente os lábios. - Olha, deixo-te na tua casa, tomas banho e essas coisas todas... Depois do almoço vou-te lá buscar.
-Sim.
-E levo-te à casa dele.
-Mas...
-Eu certifico-me de que a Leah não está lá.
…
-Até já. - Disse, beijando-o. Ele sorriu, e largou a minha mão correndo para a floresta. Fiquei a ve-lo desaparecer, e entrei dentro de casa.
A casa estava fazia, peguei num copo de água, e dirigi-me para o meu quarto. Abri a porta e senti uma enorme corrente de ar. A janela estava aberta, tinha a certeza de que estava fechada... Olhei a cama que estava junto a esta. Em cima tinha um envelope. Aproximei-me mais, e pude ler o que dizia, “Nessie”.
Receosa, retirei lá de dentro o papel, que continha uma mensagem, juntamente com vários riscos e borrões de tinta.
“Nessie,
Desculpa ser desta maneira... também não o queria.
É o destino, é a impressão, é o vosso amor, não há nada a fazer... Por mais que eu queira...
Não vou mentir o que sinto por ti...
Já não nos podemos ver mais...
Estou a sofrer... quero ver-te, mas não posso!
Não queria acreditar nos pensamentos do Jacob, mas quando te vi hoje... é verdade, estás grávida...
Agora não há nada a fazer, nem quanto a isso, nem quanto ao que eu sinto... Não se pode mudar a vida, o destino... escolher quem amamos...
Não te posso ver Nessie... mas quero que saibas que te adoro. Não nos podemos ver mais... não é justo, para nenhum de nós os três...
Não me odeies, não quero isso...
Adoro-te... e, acho que devias abortar. Não! Não é por egoísmo, é por o que a tua mãe sofreu... não quero que contigo seja pior... Vive a tua vida... vai à escola... és nova...
Desejo-te... felicidades. Não me odeies. Esquece-me.
SETH.”
O copo que carregava caiu no chão.