Podem ler aqui o 16º Capítulo da FanFic da Ne!
Boas leituras!
Capítulo 16 – Dúvidas
Saí do carro e abri a porta de casa, deixando as botas, todas cobertas de lama, à entrada de casa. Avancei para a casa de banho sem esperar que ele entrasse, olhei-me no espelho, estava com um aspecto horrível. Os meus cabelos estavam cheios de nós e bocados de musgo, a minha cara estava castanha com áreas mais claras, as que foram lavadas pelas lágrimas, e os meus olhos estavam inchados. Tirei a roupa e entrei para a banheira, preparando-me para a água quente que me iria lavar por dentro e por fora.
Ainda estava extasiada com o encontro com o lobo, fora magnífico e tão cedo não ia esquecer aquele momento. Parecia tirado de um filme, tanto o animal como a cena e o cenário. E depois, Jacob a surgir da escuridão para me pegar ao colo, como um príncipe encantado ou o meu anjo particular. Mas esse príncipe agora estava lá fora, talvez na sala, e eu não queria estar com ele, não queria falar com ele.
Sacudi estes pensamentos e sai da banheira, sentia-me muito mais leve e quente, e talvez preparada para o que viesse a seguir. Enrolei-me na toalha e fui para o quarto, Jacob estava sentado no sofá de costas para onde eu passei, olhando para a janela. Vesti-me rápido e apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo, respirei fundo e sai do quarto para ir ter com o meu fado. Será que ele já tinha decidido? Porque é que ele fora à minha procura? Quando é que ele sentiu a minha ausência? O que lhe iria dizer? Muitas dúvidas me assaltavam, mas eu contive cada uma e sentei-me de frente para ele.
Baixou o seu olhar negro e sério da janela para os meus olhos.
- Estás bem?
- Sim. – alcançou a minha mão e puxou-me para o seu lado. Não resisti, mas também não me sentei muito próximo. Os seus olhos analisavam a minha expressão e cada vez ficavam mais sérios e carregados. – Eu estou bem. Obrigado mais uma vez. – insisti, não o queria preocupar. A sua atenção centrava-se agora no meu peito, os seus lábios apertaram-se e finalmente falou.
- O medalhão?
- Não o tenho. – menti.
- Não o podes tirar Sarah, ele agora está ligado a ti. – falou como se me repreendesse. – Ainda por cima aventuras-te na floresta sem ele? Podia te ter acontecido algo muito pior do que te perderes. Se eu não te tivesse encontrado…
- Jacob, pára! Não faças isso. Agora está tudo bem, além disso eu não preciso do medalhão, eu preciso de t… - parei de repente, já tinha falado demasiado e não queria falar sobre aquela noite, continuava à espera, mas ele ainda não tinha decidido, era óbvio.
- Eu sei, e eu estou aqui. Hei-de te proteger sempre, só não te consigo proteger de mim. Está a ser muito difícil, mas eu vou conseguir, prometo. – as suas palavras eram tensas, como se tivesse dificuldade em dizê-las, como se fossem uma camuflagem para outras com outro sentido, mas eu não compreendia e o meu peito começava a doer. Para piorar ele parecia que se inclinava para mim, como se uma força o atraísse, e aproximava-se cada vez mais, e mais. Com ele assim tão perto não conseguia pensar, não conseguia raciocinar, por isso fechei os olhos e desisti. Não ia resistir mais, estava pronta para o que quer que acontecesse e que fosse decidido.
Sentia-o a milímetros de mim. Ele estava ofegante, aspirando o meu ar e lançando de volta o seu bafo quente e doce que acariciava docemente a minha pele. Dava para perceber que estava hesitante. Quantas vezes ele teria revivido aquele beijo e desejado mais? Quantas vezes ele tinha imaginado o toque da nossa pele? Não seriam tantas vezes como eu de certeza.
O quente ficou frio, e a realidade pesou toneladas. O sofá moveu-se e a porta abriu e fechou rapidamente. Ainda estava dormente com a proximidade dele e por isso a sua ausência não doeu no momento. “Mas iria doer mais, mais tarde” pensei.